Revista Encontrar Sonhos V
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Artigo


MULTIDEFICIÊNCIA

 

A multideficiência é o conjunto de 2 ou mais incapacidades ou diminuições de ordem física, psíquica ou sensorial.

A multideficiência

A multideficiência impossibilita o indivíduo de interagir com o meio e reduz as possibilidades de maturação espontânea e/ou de apropriação - afectando todo o processo de aprendizagem e de desenvolvimento. Para uma criança ser considerada multideficiente é necessário a realização de um diagnóstico que se torna muito delicado, na medida em que, existem várias situações de enquadramento: pessoas portadoras de deficiência mental profunda, embora apresentem outros défices associados; pessoas que exibem um comportamento adaptativo comparado com o esperado de uma pessoa com deficiência mental profunda, mas cuja causa é a deficiência ou deficiências associadas e não a deficiência mental; pessoas que poderão ser consideradas deficientes mentais profundas, mas que podem, de facto, ter como causa dominante do seu nível de desempenho em provas de inteligência ou comportamento adaptativo, uma psicose ou autismo; Todavia, segundo várias pesquisas efectuadas a causa mais frequente da multideficiência é a Paralisia Cerebral, a qual prejudica a postura e a mobilidade do indivíduo. Contudo, para além desta, existem outras causas a ter em consideração, uma vez que os problemas diagnosticados se relacionam com o momento de ocorrência do problema, os agentes que afectam e a forma como actuam.

Uma criança multideficiente apresenta um quadro complexo específico e bastante individualizado resultante de alterações nas funções motoras devido a limitações do sistema ósseo-articular, muscular e/ou nervoso, que limita, de modo variado, as actividades e interacções da criança.

 

Características

No que se refere à actividade e participação o multideficiente pode apresentar dificuldades em:

mudar as posições básicas do corpo;

manter a posição do corpo;

proceder a auto-transferências;

levantar e transpor objectos;

mover objectos com os membros inferiores;

realizar acções coordenadas de motricidade fina;

utilizar em acções coordenadas a mão e o braço;

andar;

deslocar-se excluindo a marcha.

Muito embora a multideficiência seja caracterizada, fundamentalmente, por limitações ao nível motor, as crianças podem apresentar outras problemáticas relacionadas com o domínio cognitivo, atenção, com as emoções e/ou a comunicação, tanto na vertente receptiva como na expressiva.

 

Necessidades dos multideficientes

A interacção das dificuldades e necessidades da criança com multideficiência representa um grande desafio em termos educativos. Esta criança pode revelar um conjunto muito variado de necessidades mediante a problemática que apresenta.

Podemos agrupar as suas necessidades em 3 blocos:

necessidades físicas e médicas;

necessidades educativas;

necessidades emocionais.

 

Muitas das necessidades das crianças multideficientes são idênticas às necessidades dos deficientes profundos. Todavia, a perda ou diminuição da função dos sistemas sensorial e motor eleva o grau de necessidade de se fazer uma intervenção adequada junto das crianças, em questões educacionais.

Cada criança apresenta necessidades diferenciadas de acordo com as suas capacidades/características pessoais, que exige atitudes diferenciadas, por parte da escola. No que refere às necessidades emocionais da criança com esta problemática, estas reflectem-se na carência de afecto e atenção, de oportunidades para interagir com o contexto à sua volta desenvolvendo, deste modo, relações sociais e afectivas quer com os seus pares, quer com os adultos que a rodeiam. Decorre deste tipo de necessidades a aplicação de abordagens e estratégias diferenciadas, devidamente planeadas de forma sistemática no âmbito de um processo de colaboração de tomada de decisões.

Desta forma privilegia-se o modelo transdisciplinar, onde as tomadas de decisões têm o carácter grupal, o que promove a inclusão. Nos serviços de Educação Especial, a criança/jovem terá o apoio necessário dos diversos técnicos a fim de elevarem as suas capacidades, designadamente: professor/educador; auxiliares de educação; psicomotricista; terapeuta da fala; terapeuta ocupacional; psicólogo; entre outros, cuja preocupação deve centrar-se no trabalho das áreas psicomotora, cognitiva, perceptiva-motora, sócio-afectiva e autonomia pessoal e social.

 

Neste sentido, a criança/jovem com multideficiência deve ser estimulada a todos os níveis devendo beneficiar de actividades diversificadas no âmbito da psicomotricidade, da terapia ocupacional, da fisioterapia, da terapia da fala, de apoio psicológico, da estimulação global (ou estimulação académica numa fase inicial), da expressões musical e dramática, da natação ou actividades aquáticas, da autonomia pessoal e social - a fim de abordar e desenvolver ao máximo a sua autonomia pessoal no que concerne à higiene, alimentação, segurança, entre outras.

António Pedro Santos


Sugestão de Visita

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Multideficiencia

https://multideficiencia.wikispaces.com/

Multideficiencia é um documento wiki construído colaborativamente pelos alunos do Curso de Mestrado em Educação Especial, da Escola Superior de Educação de Lisboa, do Instituto Politécnico de Lisboa (https://www.eselx.ipl.pt/Eselx/Default.aspx), na unidade curricular "Avaliação e Intervenção em Multideficiência" leccionada por Clarisse Nunes.
Reúne intervenções relacionadas com a educação de alunos com multideficiência. Os conteúdos foram escritos entre os meses de Maio e Setembro de 2009.
O objectivo é organizar e sistematizar informação e conhecimento relacionado com esta temática, de modo a constituir um recurso para os profissionais que trabalham com estes alunos.


Vídeo

SAIBA MAIS - DEFICIÊNCIA MULTIPLA

Deficiência múltipla

Definição e informações sobre surdocegueira

As pessoas portadoras de deficiência múltipla são aquelas afetadas em duas ou mais áreas, caracterizando uma associação entre diferentes deficiências, com possibilidades bastante amplas de combinações. Um exemplo seriam as pessoas que têm deficiência mental e física. A múltipla deficiência é uma situação grave e, felizmente, sua presença na população geral é menor, em termos numéricos. Talvez os Telecentros raramente (ou nunca) recebam pessoas com múltipla deficiência, mas consideramos importante trazer informações sobre esta possibilidade.

Tradicionalmente, os profissionais especializados e os familiares de pessoas com múltipla deficiência focalizavam sua atenção no que estas pessoas não podiam fazer, em suas desvantagens e dificuldades. Atualmente temos uma postura diferente: preocupamo-nos em descobrir quais são as possibilidades que a criança apresenta e quais são as suas necessidades, em vez de destacar suas dificuldades. Assim, temos descoberto formas e métodos para atendê-la.

É importante que a família seja orientada a manter um contato com essa criança por meio dos sentidos que não foram lesados, para estimular o resíduo auditivo e, principalmente, o resíduo visual, se houver. Por exemplo: a família do bebê surdocego deve passar informações a ele por meio de toques afetivos; ele deve sentir que é amado e perceber a presença do adulto através de brincadeiras.

As instituições que recebem os casos de múltipla deficiência costumam atender principalmente casos de surdocegueira, que combinam as deficiências auditiva e visual. A pessoa que tem surdocegueira não pode ser comparada com um surdo nem com um cego, pois a pessoa com cegueira e a pessoa surda utilizam seus sentidos de forma complementar: a pessoa com deficiência visual trabalha mais sua audição e a pessoa surda conta mais com sua visão, No caso da surdocegueira, esta complementação não acontece - é uma outra deficiência. É por esta razão que escrevemos esta deficiência com uma só palavra, "surdocegueira".

O grupo mais numeroso de surdocegos é composto por pessoas com 65 anos ou ainda mais idosas, que adquiriram a deficiência sensorial tardiamente. As causas da surdocegueira podem ser:

acidentes graves;

síndrome de Usher (as manifestações clínicas desta síndrome de origem genética incluem a surdez, que se manifesta logo no início da vida e a perda visual que ocorre, geralmente, mais tarde);

surdocegueira congênita, resultante de doenças como a rubéola ou de nascimentos prematuros.

É difícil imaginar como uma pessoa surdocega se comunica, mas isso é possível. Os surdocegos possuem diversas formas para se comunicar com as outras pessoas.

A LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, desenvolvida para a educação dos surdos, pode ser adaptada aos surdocegos, utilizando-se o tato. Colocando a mão sobre a boca e o pescoço de um intérprete, a pessoa com surdocegueira pode sentir a vibração de sua voz e entender o que está sendo dito. Esse método de comunicação é chamado de Tadoma.

Também é possível para o surdocego escrever na mão de seu intérprete, utilizando o alfabeto manual dos surdos, soletrando as palavras ou ele pode redigir suas mensagens em sistema braile, que é um alfabeto composto por pontos em relevo criado para a comunicação dos portadores de deficiência visual.

Existe ainda o alfabeto moon, que substitui as letras por desenhos em relevo e o sistema pictográfico, que usa símbolos e figuras para designar os objetos e ações.

Há casos de crianças surdocegas brasileiras que desenvolvem condições de serem educadas com os surdos, comunicando-se em LIBRAS e usando o braile para o conhecimento da leitura e escrita. Mas, para que isso aconteça é necessário que a intervenção seja precoce, ou seja, quando a criança for bem pequena. Cada surdocego adulto tem o direito de decidir qual vai ser sua forma de comunicação, para que participe das atividades em casa, no trabalho e no lazer.

Carlos Roberto, surdocego que mora no Estado de São Paulo, Brasil, diz: "...descobri outro sentido, com o tato consigo ver o mundo". Ele se desenvolveu tão bem comunicando-se em LIBRAS que está sempre rodeado de amigos, conversando e contando piadas e está aprendendo atualmente o braile.

Orientações para a convivência com os surdocegos

Conheça as melhores formas de se comunicar

Ao aproximar-se de um surdocego, deixe que ele perceba sua presença com um toque. Combine um sinal para que ele o identifique da próxima vez que se encontrarem;

Aprenda e use o método de comunicação que ele souber, mesmo que seja elementar, bem simples;

Tenha a certeza de que o surdocego o está percebendo quando tentar se comunicar. Lembre-se que você não pode se comunicar à distância;

Encoraje-o a usar a fala se ele conseguir, mesmo que ele saiba apenas algumas palavras;

Se outras pessoas estiverem presentes, avise-o quando for o momento apropriado para ele falar;

Avise-o sempre do que o rodeia;

Informe-o quando sair, mesmo que seja por pouco tempo;

Assegure-se que ele está confortável e em segurança. Se ele precisar de algo para se apoiar durante a sua ausência, coloque a mão dele no que servirá de apoio. Nunca o deixe sozinho num ambiente que não lhe seja familiar;

Mantenha-se próximo dele para que ele perceba a sua presença;

Ao andar deixe-o apoiar-se no seu braço, nunca o empurre ou puxe-o pelo braço;

Utilize sinais simples para o avisar da presença de escadas, uma porta ou um carro;

Um surdocego que esteja apoiado no seu braço perceberá qualquer mudança no seu andar;

Escreva devagar na palma da mão do surdocego, utilizando as letras de forma do alfabeto manual.

Instituições de referência sobre surdo-cegueira

Endereço web e e-mail de entidades que atuam na América Latina e Caribe

Rede Iris

https://www.rediris.es/list/info/sordoceguera.es.html

Fórum sobre surdocegueira em espanhol.

Sense

https://www.sordoceguera.org/Sordoceguera.htm

Página latino-americana da Sense, entidade sem fins lucrativos sediada na Inglaterra. Possui textos em espanhol com a definição dos diferentes tipos de surdocegueira e informações sobre as causas da múltipla deficiência sensorial.

ADEFAV - Associação para Deficientes da Áudio-Visão

https://www.adefav.org.br

A Associação oferece serviços aos surdocegos como cursos de orientação e mobilidade, braille e LIBRAS, além de atendimento psicológico, fonoaudiológico e fisioterapêutico.

AHIMSA - Associação Educacional para Múltipla Deficiência

ahimsa@ssol.com.br

A AHIMSA não possui um site, mas pode ser contatada através do e-mail acima.

DERDIC - Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação

https://www.derdic.pucsp.br

A DERDIC é uma entidade sem fins lucrativos, ligada à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que possui uma escola para surdos e uma clínica que atende pessoas com distúrbios de audição, voz e linguagem. Seu site traz o alfabeto manual, informações sobre inserção no mercado de trabalho e notícias.

ABRAPASCEM - Associação Brasileira de Pais e Amigos dos Surdocegos e Múltiplos Deficientes Sensoriais

https://www.abrapascem.org.br/

A ABRAPASCEM está sediada em São Paulo, mas possui regionais em diversos estados brasileiros. O endereço e telefone dessas entidades pode ser consultado através do site, que traz também informações sobre a múltipla deficiência sensorial, uma cartilha de conscientização e depoimentos.

ABRASC - Associação Brasileira de Surdocegos

abrascsofia@hotmail.com

A ABRASC não possui um site, mas pode ser contatada através do e-mail acima.

Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial

https://www.grupobrasil.org.br

O Grupo Brasil é uma ONG criada em 1997 para unir as entidades que atendem pessoas com surdo cegueira. Em seu site, é possível consultar as instituições filiadas em cada região do país, conhecer as ações realizadas por elas, as publicações da organização e suas campanhas. 

 In https://www.tele-centros.org/telecentros/secao=102&idioma=br&parametro=9546.html


Coordenação: António Pedro Santos

Junho de 2014, Revista Encontrar Sonhos V